É fundamental acelerar novos investimentos em África que promovam uma transição verde, na recuperação da crise económica provocada pela pandemia de COVID-19. Foi neste sentido que se posicionaram os principais responsáveis políticos e financeiros que inauguraram o Fórum de Alto Nível UE-África sobre Investimento Verde, organizado pela Presidência Portuguesa do Conselho da UE e pelo Banco Europeu de Investimento, a partir do Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

A Europa deve estabelecer uma “parceria real” com África, para “construir um futuro mais próspero”, começou por defender o Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros. Augusto Santos Silva assinalou que a parceria deve ter como prioridade o “reforço da transição verde”, que traz “uma enorme oportunidade para a criação de emprego e para o crescimento económico sustentável, permitindo reduzir as desigualdades”.

 

O Ministro afirmou ainda que é necessário “reconhecer que África tem muito pouca responsabilidade pela emissão dos gases com efeitos de estufa”, mas é simultaneamente “uma das regiões mais afetadas pelas consequências das alterações climáticas. Temos de resolver este paradoxo”, vincou Santos Silva.

No evento, a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que interveio através de uma mensagem vídeo, sugeriu a criação de um Pacto Ecológico Africano, à semelhança do Pacto Ecológico Europeu. Este pacto, argumentou Von der Leyen, seria a “peça central” para a recuperação económica. “A transição verde não é apenas uma necessidade para combater as alterações climáticas. A transição verde é a maior oportunidade económica dos nossos tempos, e pode ser o motor da nossa recuperação, simultaneamente na Europa e em África”, salientou.

Por seu lado, António Guterres, o Secretário-Geral das Nações Unidas, considerou urgente acelerar o investimento em energias renováveis no continente africano. “É uma oportunidade de investimento de três biliões de dólares, até 2030”, disse, assinalando que, apesar de África ser a região do globo mais rica em recursos solares, concentra apenas dois por cento do investimento em energias renováveis.

 

O investimento nestas áreas, argumentou Guterres, impulsionará “o desenvolvimento das capacidades técnicas das mulheres e dos jovens africanos para novos postos de trabalho, permitindo, simultaneamente, combater o desemprego e a crise climática”.

Já o presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, Akinwumi Adesina, avisou os investidores de que “não podem ignorar África”. O banqueiro defendeu que “a recuperação tem de garantir mais espaço para o setor privado, para reduzir a dívida dos Estados, e tem de fomentar um crescimento inclusivo, com mais oportunidades para jovens e mulheres”.

 

Insistindo no apelo, Adesina concluiu: “África já é verde: só precisa de ser mais verde, com mais euros para apoiar o crescimento no continente. Não pensem nas dificuldades de fazer negócio em África, pensem antes no que estarão a perder se não o fizerem”.

 

O Fórum de Alto Nível UE-África sobre Investimento Verde debate o papel da Europa na transição para uma economia verde no continente africano.