Os Ministros da Educação da União Europeia reuniram na sexta-feira, 22 de janeiro, numa videoconferência informal presidida pelo Ministro português Tiago Brandão Rodrigues.
Com o título “A caminho da Cimeira Social do Porto: a contribuição da Educação e Formação”, a reunião contou também com a participação do Ministro português da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, dos Comissários Europeus Mariya Gabriel (Inovação, Investigação, Cultura, Educação e Juventude) e Nicolas Schmit (Emprego e Direitos Sociais), bem como do Conselheiro Especial do Comissário Schmit, José António Vieira da Silva.
Em declarações à chegada ao Centro Cultural de Belém, sede da Presidência Portuguesa, o Ministro da Educação sublinhou a importância deste encontro para a preparação da Cimeira Social Europeia, que vai ter lugar no Porto, a 7 de maio.
Na conferência de imprensa que se seguiu à reunião, Tiago Brandão Rodrigues enumerou alguns dos temas prioritários que se encontram em discussão: da educação inclusiva, passando pela educação ao longo da vida e a valorização do ensino profissional ou, ainda, a importância de se aprofundar o debate em torno do Espaço Europeu da Educação.
Por sua vez, o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, destacou que “o Pilar Social Europeu só pode ser reforçado com mais acesso e partilha do conhecimento”, tendo referido três grandes temáticas prioritárias para a área:
- A dimensão social da Europa através da mobilidade ERASMUS - com o lançamento, em Portugal, ainda este semestre, do novo programa Erasmus+ - e a necessidade de se garantir um acesso mais igual a este programa.
- A dimensão social no desenvolvimento de competências – através da conversão e atualização de qualificações (os chamados reskilling e upskilling), cada vez mais associadas à dupla transição verde e digital.
- A dimensão social do acesso ao conhecimento através da promoção da cultura científica e do ensino experimental das ciências e tecnologias, como pilar fundamental do reforço e renovação da Área Europeia de Investigação (i.e., ERA – European Research Area).
Especial atenção à educação digital
A Comissária para a Inovação, Investigação, Cultura, Educação e Juventude, Mariya Gabriel, deu especial relevo à promoção da educação e formação inclusivas e de qualidade. “Os percursos para o sucesso escolar”, por exemplo, vão permitir que seja concretizado um nível de proficiência em competências básicas, e ajudar a que seja completado o ensino secundário, especialmente em grupos mais desfavorecidos.
Para Mariya Gabriel, é também importante lidar com os desafios colocados pela pandemia COVID-19, atribuindo especial atenção à educação digital. A Comissária revelou que vai apresentar uma proposta baseada numa recomendação do Conselho, relacionada com a educação à distância e online. “Não se trata aqui de optar por um ou outro tipo de ensino, mas sim de transformar a experiência de aprendizagem para usar o potencial da tecnologia, ao mesmo tempo que asseguramos que todos os alunos estão envolvidos e que não fica ninguém para trás”, explicou.
Competências no mercado de trabalho
Nicolas Schmit afirmou, por sua vez, que se vive uma “verdadeira crise”, não apenas devido à pandemia, mas também nas economias e nos sistemas de produção. Como tal, é necessário investir em competências, em educação e em conhecimento. Alertou para as novas competências exigidas num mercado de trabalho em mutação, dando o exemplo das competências digitais: 42% dos cidadãos europeus não possuem aptidões nesta área, numa altura em que 90% dos empregos as requerem.
Assumindo o enorme desafio que enfrentamos, o Comissário Schmit defendeu que os jovens devem ser preparados, mas que é necessário, em especial, investir na conversão e atualização das qualificações daqueles que são a atual força de trabalho.