O espaço de receção para as salas de reuniões da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, no Edifício Europa, em Bruxelas, foi remodelado com peças de madeira, cortiça e burel, de modo a criar um ambiente sóbrio e confortável.

A distinção da manufatura

A peça Hexa foi desenhada pelo designer Daniel Vieira, com formas muito simples em madeira maciça e tampo hexagonal. Pode ser utilizada em conjunto ou em módulos individuais, tanto na posição horizontal como vertical, podendo fazer de mesa de centro ou de simples mesa lateral de apoio ou até de mesa de cabeceira. É um mobiliário assente em soluções contemporâneas, utilitárias e sustentáveis, dando atenção à qualidade da manufatura em todos os pormenores.

A inclinação que resulta da alteração do ângulo de curva da estrutura que define o contorno superior do encosto, o apoio para os braços e os dois pés posteriores da cadeira permitem o conforto de uma poltrona, mas respeitando o desenho das linhas e ângulos da cadeira original. A utilização da cortiça ou da palhinha no encosto e assento imprimem mais um sinal distintivo a esta peça.

Dar nova vida à arte popular tradicional

O cadeirão Monsaraz, desenhado por Carlos Aguiar, tem uma geometria retilínea que reflete a inspiração do designer nas tradicionais masseiras de pão fabricadas com tábuas de madeira. Com encosto e assento em burel, o cadeirão oferece um espaço perfeitamente delimitado e confortável a quem nele se sentar. O nome da peça remete para a arte tradicional das mantas de Reguengos de Monsaraz, caracterizadas também pelos seus padrões geométricos e coloridos.

A beleza da simplicidade refletida na luminária

Os candeeiros de mesa Babel e Symphonie Three, feitos manualmente em vidro e com linhas contemporâneas, representam um bom exemplo da excelência da abordagem em curso no setor da produção vidreira em Portugal. As peças são feitas manualmente por mestres vidreiros utilizando métodos artesanais e seculares que provêm de uma longa tradição do trabalho do vidro na Marinha Grande. Os métodos tradicionais, em conjunto com o desenho qualificado, transformam estes candeeiros em objetos únicos.

Apesar de Eduardo Nery se ter destacado na arte portuguesa pelos coloridos padrões de repetição que criavam espaços ilusórios e exploravam a perceção visual do observador, na lógica da Op Art, este painel é também característico do seu trabalho de desmontagem e reconstrução surreal das “figuras de convite”, conforme o próprio artista afirmava.

Com esta curadoria, Bárbara Coutinho, diretora do MUDE, quis acentuar a reflexão sobre as noções de consumo, durabilidade e sustentabilidade. Foi seu intento chamar a atenção para a importância que tem um bom design, a qualidade dos materiais utilizados e a mestria da manufatura de peças que sejam funcionais e de longa duração, de modo a garantir uma efetiva redução dos desperdícios gerados por uma constante e impulsiva aquisição e troca de produtos de baixa qualidade.