A sala de receção da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia no 50.º andar do edifício Justus-Lipsius, em Bruxelas, foi reorganizada com um sistema integrado e modular desenhado em 2019 pelos designers Roberto Alves e João Teixeira para a Cadeinor, a que deram o nome Sistema Nexus.
Com este sistema, pretenderam alterar o paradigma dos locais de trabalho geralmente fechados e confinados, pouco confortáveis e isolados, criando, por oposição, ambientes abertos, mais confortáveis e colaborativos. O Sistema Nexus é composto pelos seguintes módulos: móveis de assento macio com diferentes configurações, dimensões, versões e cores, com elementos opcionais; bases conectoras em MDF revestidas a folha de madeira, com eletrificação com tomada e USB; mesas de centro estofadas com tampo de madeira e módulos centrais.
Soluções flexíveis e tecnológicas que potenciam a criatividade
A versatilidade modular do Sistema Nexus permite, assim, diferentes configurações espaciais, sejam retilíneas ou curvilíneas, propondo soluções flexíveis e tecnológicas que potenciam, em cada local de trabalho, a colaboração e participação dos trabalhadores na troca de ideias, na criatividade e nas negociações, ou seja, no trabalho de equipa, tão necessário ao bom desempenho das organizações. Os materiais utilizados, da madeira ao tecido, e as cores vivas e alegres, em conjugação com plantas sobre as mesas ou inseridas nos módulos, humanizam os espaços de trabalho, tornando-os mais convidativos e dinâmicos, tendo em consideração o bem-estar dos trabalhadores.
Repensar os espaços interiores face à nova realidade
Com o Sistema Nexus, a curadora Bárbara Coutinho, diretora do MUDE, pretendeu evidenciar a multifuncionalidade dos espaços interiores, desde a habitação até ao local de trabalho, consciente do quanto estes se encontram em profunda mudança, principalmente após os novos contextos e necessidades criados com a pandemia, que gerou novas realidades, mentalidades e relações sociais.
O debate, segundo a curadora, será entre, por um lado, a opção de recuperar os ambientes que privilegiam o isolamento e a organização hierarquizada e segmentada, que tem perdido sentido, mas que promove a privacidade, a concentração e o silêncio e, por outro lado, a opção de continuar a investir em estruturas menos hierarquizadas, mais horizontais, que, através da modularidade, polivalência, fluidez e conforto, potencializam processos de trabalho mais dinâmicos, participativos e colaborativos.
Com estas premissas, tornou-se fundamental redesenhar o mobiliário, mas tendo sempre em consideração as dinâmicas das relações sociais.