O fotógrafo Alfredo Cunha estreia, a convite da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, a exposição “Hope”, um trabalho que pretende retratar a situação social de Portugal, dando a ver, em simultâneo, a realidade do país à Europa. Uma obra que começa e termina de forma esperançada.
Dividido em quatro blocos (juventude, trabalho, COVID-19 e paisagem), o conjunto fotográfico — aproximadamente 150 imagens — consiste num diaporama (slideshow) que representa o país desde a década de 1970 até aos dias de hoje.
Jovens
O trabalho foi desde o início pensado para ser apresentado em formato virtual, e Alfredo Cunha quis começar “por retratar a juventude numa altura em que a conjuntura estava favorável”.
Trabalho
Em seguida, as fotografias aludem ao trabalho e ao tecido produtivo. Subitamente, assiste-se a um país em suspenso pelo irromper da pandemia de COVID-19. Aqui, “são mostradas fotografias dramáticas, muitas delas no âmbito hospitalar, que pretendem refletir o esforço que se fez para acudir à emergência sanitária”.
COVID–19
Contudo, não querendo perpetuar a imagem de “um país maniatado pelo medo”, o bloco dedicado à pandemia termina com a imagem de uma enfermeira sorridente, aludindo à promessa de dias melhores.
Paisagem
Depois, assiste-se à transição para a área da paisagem, que começa com uma visão da Praça do Comércio, em Lisboa, completamente vazia, e que vai evoluindo lentamente para um retomar da normalidade. O trabalho documental acaba com uma criança na margem de um rio, “a olhar para o futuro; um momento esperançoso, e que também tem por intenção encorajar a que pensemos na nossa relação com a Natureza”.
O fotógrafo encontrou neste projeto a possibilidade de documentar Portugal através de um conjunto de imagens a preto e branco (uma curiosidade técnica: todas são ao baixo), aliando-lhes uma perspetiva humanista e social, traço que sempre caracterizou o seu percurso.
A particularidade desta mostra, adianta o artista, reside “na duplicidade da mensagem: mostrando quem somos, mas também não escondendo os nossos problemas, as nossas dificuldades, a razão pela qual precisamos da Europa”.
Cada bloco de fotografias é acompanhado por um tema cuidadosamente escolhido em função do que é retratado. Por conseguinte, o todo é para ser visto atentamente, em silêncio, apenas com a música em pano de fundo.