No lobby do edifício Justus Lipsius, em Bruxelas, circula-se numa passada rápida entre reuniões, compromissos e trocas de informação e decisão. Convidar o transeunte a vivenciar este espaço com um olhar que lhe permita outro ritmo ou até parar para usufruir de um momento de calma e reflexão, foi a intenção da curadora Bárbara Coutinho, diretora do MUDE.
Privilegiando os materiais orgânicos, todas as peças colocadas no lobby afirmam a sua racionalidade, economia e leveza de desenho, oferecendo um lugar prazenteiro com uma identidade ecológica bem definida.
Tapetes Sugo Cork Rugs, utilização pioneira da cortiça na tecelagem
A designer têxtil Susana Godinho desenhou e fabricou os dois tapetes que demarcam a zona de estar ou de encontro no lobby. Com padrões geométricos, estes tapetes assinalam a inovação resultante da articulação da indústria da cortiça com a da tecelagem. Fabricados manualmente em teares tradicionais, em cortiça, linho e lã 100% portuguesa, sem tingimentos químicos, estes tapetes são um bom exemplo de sustentabilidade e eco-design.
A Sugo Cork Rugs, em parceria com a Amorim Cork Ventures, criou um fio de cortiça feito a partir dos desperdícios remanescentes das rolhas e concebido para utilização na tecelagem. A aplicação da cortiça na tecelagem aumenta a impermeabilidade e o isolamento acústico aos espaços, para além de dotar os tapetes de propriedades antialérgicas.
Mesas 'Flora', homenagem à herança cultural portuguesa
As mesas da linha Flora, de diferentes tipologias, com a assinatura da dupla de designers Joana Santos e Hugo Silva, funcionam separadamente ou em conjunto, oferecendo diferentes tipos de apoios. Produzidas em madeira com acabamento lacado de várias cores, destacam-se pelas bases 100% em cortiça escura aglomerada, biodegradável e reciclada, assinalando a grande versatilidade, a alta performance e o valor ambiental desta matéria-prima trabalhada há várias gerações em Portugal.
Os designers Joana Santos e Hugo Silva criaram a marca portuguesa DAM em 2013, articulando o design, os saberes artesanais e as novas tecnologias para apresentar mobiliário e acessórios de qualidade e valor evocativo, que contam histórias. Deste modo, apelam a uma relação mais duradoura com os objetos e contribuem para renovar o património coletivo. A sua estratégia assenta ainda na promoção da economia local como elemento fundamental da sustentabilidade.
Cadeiras Aranha, homenagem à arte da marcenaria
As cadeiras Aranha, desenhadas pelo designer Marco Sousa Santos para a marca Branca, ilustram a mais-valia do desenho e da habilidade manual. Produzidas em madeira maciça de faia com assento em vime trançado, destacam-se pelas linhas harmoniosas, pela estabilidade e o conforto.
Branca é uma marca de design de móveis nascida em Lisboa, fundada e dirigida por Marco Sousa Santos, que valoriza o trabalho com os produtores locais que compartilham o gosto pelos detalhes e pelo saber-fazer manual. Este designer tem também promovido várias coleções de novos produtos com autores nacionais e estrangeiros.
Com estas propostas sustentáveis e ambientalmente responsáveis, pretendeu-se ir ao encontro das prioridades da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, promovendo a reinterpretação dos ofícios tradicionais em articulação com as novas tecnologias.