A Ministra da Saúde, Marta Temido, presidiu esta quinta-feira a uma videoconferência informal de Ministros da Saúde, a partir de Lisboa, para discussão de temas relativos aos planos de vacinação da União Europeia e também às variantes do SARS-CoV-2 em circulação.
Realizada no âmbito da Presidência da Portuguesa do Conselho da União Europeia, esta reunião centrou-se na partilha e recolha de informação para definir as próximas etapas dos planos de vacinação dos Estados-Membros, no sentido de encontrar uma posição o mais harmonizada possível quanto a futuros contratos de aquisição de vacinas, através de um portefólio comum, e de analisar as tecnologias que devem ser priorizadas nesses mesmos contratos.
Marta Temido sublinhou também que a estratégia a implementar para 2022-2023 deve considerar não só as características de cada vacina, a capacidade de produção e a necessidade de impulsionar a vacinação, mas também o surgimento de novas variantes, que possam ser mais infecciosas e/ou mais resistentes às vacinas já existentes e futuras.
A Ministra da Saúde fez ainda um ponto de situação sobre as variantes, recordando que “a rápida disseminação de novas variantes da COVID-19 exige uma mudança de paradigma. A vigilância e deteção adequadas destas variantes são essenciais para monitorizar e avaliar o seu potencial impacto na transmissibilidade e na gravidade da doença e para determinar as medidas de controlo a adotar”, reforçou.
Marta Temido apelou também a uma posição harmonizada na UE, “essencial para uma estratégia de vacinação bem-sucedida contra a COVID-19”.
No dia em que a Comissão Europeia anunciou a assinatura de mais um contrato com a Pfizer para a aquisição de 1,8 mil milhões de doses de vacinas, também Stella Kyriakides sublinhou o espírito de união europeísta: “Precisamos de fazer mais e fazer mais juntos.”
Salientando a importância de a União Europeia continuar a trabalhar com os produtores de vacinas, a Comissária Europeia para a Saúde lembrou ainda a permanente atenção exigida pelo surgimento de novas variantes e a relevância da “sequenciação genómica, crucial na identificação de novas variantes”. “A ciência evolui rapidamente, mas temos de acompanhar o surgimento de novas variantes”, frisou.
Já Andrea Ammon, diretora do Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC), destacou a “fase de transição” que a pandemia atravessa, com a circulação de novas variantes, a par de um forte progresso na vacinação, “o que exige atenção às duas vertentes”. Lembrando que as sociedades estão lentamente a reabrir, “é importante que a vacinação seja reforçada, para que uma grande parte da população fique imunizada”. Ainda assim, “uma série de medidas não farmacológicas deverão manter-se em vigor”, alertou ainda a responsável do ECDC.
Da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), Emer Cooke destacou a preocupação com a capacidade de produção de vacinas e questões de logística, assinalando, no entanto, a possibilidade de a vacina Pfizer poder agora ser armazenada, durante cerca de um mês, a uma temperatura normal de frigorífico, “o que vai favorecer bastante a logística”.
Quanto à eventual necessidade de uma vacina booster, ou terceira dose – de reforço de imunidade das pessoas já vacinadas –, a diretora executiva da EMA referiu estarem ainda a decorrer estudos para analisar essa possibilidade.
Emer Cooke antecipou ainda que a Europa deverá ter três novas terapêuticas contra a COVID-19 até outubro. “Temos novos produtos [terapêuticos] a surgir quase diariamente e estamos a analisá-los”, referiu.
O alargamento dos planos de vacinação a outros grupos de pessoas, como adolescentes (12-16 anos) e grávidas, foi também matéria aflorada, numa partilha de informação por parte dos Estados-Membros. Entre estes, foi maioritariamente consensual a importância de manter a vigilância face ao surgimento de novas variantes, de reforçar o cumprimento dos prazos de entrega das vacinas por parte das farmacêuticas e de incluir diferentes tecnologias imunológicas no portefólio europeu de aquisições conjuntas de vacinas contra a COVID-19.