A crise provocada pela pandemia de COVID-19 é “uma razão acrescida” para um compromisso político forte na Cimeira Social do Porto, defende a antiga Ministra do Emprego, Maria João Rodrigues.
“Se a transição verde e a transição digital, já por si, podem aumentar as desigualdades sociais, e entre países, porque nem todos têm os mesmos meios financeiros para levar a cabo essas transições, com a crise de COVID-19 esse risco de desigualdade ainda é maior”, sustenta a antiga eurodeputada, que foi relatora do Parlamento Europeu e negociadora, com o Conselho e com a Comissão, do Pilar Europeu dos Direitos Sociais.
Maria João Rodrigues entende que em face da pandemia e da crise económica e social que ela provocou, a frente social precisa ainda mais de “medidas excecionais”, ao nível do “salto histórico” dado na frente económica, com “um orçamento comunitário reforçado e um fundo de recuperação financiado por dívida conjunta europeia”. Neste novo contexto, defende, impõe-se “uma reinterpretação do Pilar Social”.
Na situação atual, argumenta, em que persistem “empregos precários em que essas condições [direitos laborais e sociais] estão longe de estar garantidas”, e na “nova realidade, criada pela economia digital, do trabalho para grandes plataformas eletrónicas em que, muitas vezes, não há qualquer tipo de direito”, a aplicação do Pilar Social “vai permitir que estes direitos básicos sejam, de facto, passados à prática”, conclui a antiga governante.
* em colaboração com a LUSA